quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

9º Ano - Texto aos formandos

A vida só vale quando celebrada. E é isso que fazemos aqui, mais que exaltar conquistas meramente formais, como boas notas ou o fato de termos passado de ano. Que os anos são mais que os números que permeiam os anos. Mais que resultados, são convergências de conflitos, experiências, descobertas e casos repensados, que vão pautando o nosso caráter, o nosso jeito de conduzir a própria casa.

Como aluno desta escola, aprendi o real valor da educação: os chamados conteúdos programáticos, exatos, humanos e biológicos, passam pelo que é educar, mas definitivamente não dão conta de sua totalidade. Este ano, e sei porque vocês me ensinaram, descobrimos que educar é usar perucas cor de rosa, ir ao massagista e jogar stop de orações subordinadas; descobrimos que os gagos não gaguejam quando cantam, que em momentos formais o uso de sapatos se faz necessário e que a infância é um ponto cardeal eternamente possível. No vão das coisas, ficou o gosto bom da vida que cultivamos, bem acima de provas e calendários.

E porque a vida segue, são inevitáveis os desencontros: há sempre os que vão embora e isso não é triste. Ao contrário, é um convite a dispensar muletas. Estivemos juntos ao longo de todo o ano porque o compromisso escolar exige a nossa presença, mas, se por acaso finda a exigência, onde fica a vontade? Pois não há nada mais bonito do que ir de encontro às pessoas simplesmente porque gostamos das pessoas e as queremos próximas, e talvez isso seja realmente amadurecer.

Sobre o próximo ano, que venha – convidativo feito uma folha em branco. O que faremos dele fica a cargo das decisões que tomamos, e é importante que se diga, somos os únicos responsáveis por ele. Mas não vivamos a imaginar caminhos, e sim a prepará-los, com a convicção daqueles que estão sempre dispostos a mudar de ideia, sem que para isso precisem abandonar a cor dos próprios olhos.

Do mais, demos tudo de nós em tudo aquilo que façamos, caso contrário não vale a pena – nossos sonhos são nossos bens mais preciosos, não os abandonemos, que não surgirão outros donos. Creiamos no esforço, mais que no trabalho; no conviver, mais do que no viver; na vida, muito mais que em nós mesmos – o amor é a alegria que não vai embora, se cristaliza na forma estanque e indispensável de carinho.

Vocês são os meus primeiros alunos, e me reconheço como um privilegiado. Obrigado por me permitirem fazer do crescimento de vocês, o meu crescimento. As manhãs foram mais bonitas porque vocês estavam ali, dispostos e pacientes, por mais que tenham sequer noção disso. Felicidade é muito pouco, o que desejo a vocês ainda não tem nome.

Um comentário:

  1. Amei teu texto... aliás elogiar quem escreve "maravilhosamente" bem e profundo é até injusto neh!!!
    Beijo anjo...

    ResponderExcluir