segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Exercícios - Subordinadas Adverbiais - 9º Ano

Aí estão os prometidos exercícios de fixação!


Abraço!


Identifique e classifique as orações subordinadas adverbiais:

a)Não vestiria a camisa do time mesmo que fosse ao jogo.

b)Fiz a lição segundo as instruções do professor.

c)Ora, cheguei mais cedo porque você havia pedido.

d) Fico triste sempre que chove.

e)Nos odiávamos à medida que nos conhecíamos.

f)A fim de que fosse ouvido, subiu na cadeira e gritou.

g) Ele gosta tanto de chocolate que comeu a barra inteira.

h)Iremos viajar no Natal desde que você não fique de recuperação.

i)Este verão está fazendo mais calor do que fez o anterior.

Aprofundamento - 19/10

Sobre nosso tema, "Segurança Pública".

Abraço!


Palco



Seguem os meninos
deslizando na avenida
Vendem dropes na caixinha de papel,
Tentando um papel
No palco desta vida.
Em cada esquina,
Uma platéia diferente
Bate palmas e não sente
Que este ato não termina.
No asfalto,
Cenas fortes
No frágil nu do corpo.
Vestem lágrimas
Maquiadas de sorrisos
Que desbotam na luz fria da noite:
Bastidores da verdade.
Seguem os meninos
No palco da vida,
Representando o verdadeiro
Papel.


Sérgio Vaz, poeta da periferia




Para ouvir "Um homem na estrada", Racionais MC's

http://www.youtube.com/watch?v=02-h9t0VpVI&feature=related

Uso de vírgula - Orações Subordinadas II - 9º Ano

Pessoal do Nono Ano,

Segue parte da matéria que faltava.

Abraço!!


No caso das Subordinadas Adverbiais, a regra para uso de vírgula é simples:


1- Se a oração principal vier antes da subordindada, não use vírgula.

ex.: Fui à festa quando você voltou (subord. adverbial temporal).

Te dou este presente porque gosto de você (subord. adverbial cusal)


2- Se a oração principal vier após a subordinada, use vírgula para marcar tal inversão.

ex.: Quando você voltou, fui à festa

Porque gosto de você, te dou este presente.

sábado, 17 de outubro de 2009

Orações Subordinadas II - 9º Ano

Pessoal do nono ano,

Segue o conteúdo sobre as Orações Subordinadas Adverbiais.
Até amanhã coloco o uso de vírgula neste caso e alguns exercícios.

Um abraço!!


As Orações Subordinadas Adverbiais possuem este nome por cumprirem a função de adjunto adverbial da oração principal, isto é, modificam, de alguma forma, o sentido da oração princial.
É importante não fazer confusão com as Subordinadas Adjetivas, que vão modificar apenas um nome da Oração Princial, nem com a Subordinada Substantiva Apositiva, que, ao invés de modificar, vai dar uma explicação sobre a oração principal.
Dividem-se em nove tipos:

1- Causal - Indical a causa, o motivo pelo qual se deu aquilo que se coloca na oração principal.

Ex.: Estamos todos em casa porque a chuva não passa. - A chuva não passar é o motivo que faz com que todos fiquem em casa.

2- Consecutiva - Aponta uma consequência daquilo que é posto da oração principal.

Ex.: A chuva não passa, tanto que estamos todos em casa. - Perceba que é o movimento contrário da Causal.

3- Comparativa - Estabelece uma ideia de comparação com a oração principal.

Ex.: Os meninos correm como verdadeiros atletas (correm). - Percebe-se claramente que se compara a forma como os meninos correm, com a forma como os atletas correm.

4- Proporcional - Indica proporção.

Ex.: Quanto mais estudamos, melhor vamos na escola. - Veja que se cria uma ideia de dependência: quanto mais se estuda, mais se melhora; quanto menos se estuda, menos se melhora.

5- Condicional - Impõe uma condição para o que se diz na oração principal acontecer.

Ex.: Se estudamos, vamos bem na escola. - Veja que aqui o que se coloca é que a única possibilidade de ir bem na escola é a partir do estudo.

6- Conformativa - Indica conformidade, isto é, acordo com a oração princial.

Ex.: Estudamos conforme pede o professor. - Veja que se estuda da maneira que o professor pede.

7- Final - Indica a finalidade, propósito para que aconteça a oração principal.

Vamos chegar mais cedo para que não percamos o casamento. - Quer se chegar mais cedo com a finalidade de não se perder o casório.

8- Concessiva - Exprime uma ideia de concessão, isto é, a lógica diz que deveria acontecer uma coisa, mas se dá o contrário.

Ex.: Embora gostemos de futebol, não vimos o jogo. - Veja que, se gostamos de futebol, deveríamos ter visto o jogo, mas não vimos.

9 - Temporal - Coloca uma ideia de tempo, de circunstância na qual aconteceu, acontece ou acontecerá certa coisa.

Ex.: Iremos ao Rio quando entrarmos de férias.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

leitura que vale a pena - para todos

Poema de Marina Colasanti, autora de prosa e poesia (tanto infantil quanto adulta). Nasceu em Asmara, na Etiópia, em 1937, mas vive no Brasil desde 1948. Ganhou o Prêmio Jaubti de poesia e o Prêmio Jabuti Infantil ou Juvenil, ambos em 1994.

Leitura que vale a pena!

Um abraço!!


Eu sei, mas não devia


Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro,
para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição.
Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
À contaminação da água do mar.
À lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé,
a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta,
para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Pronomes - 1º Ano

Pessoal do Primeiro,

Segue o conteúdo de pronomes que a apostila não dá, ou dá de forma muito resumida.

Abraço!!


Pronomes - São termos que representam nomes, isto é, ocupam um lugar que seria ocupado por um nome.

Podem ser:

Pronomes Substantivos - ocupam o lugar de um substantivo, valendo por um.

ex: Este é melhor que aquele. - tanto o pronome "este" quanto o "aquele" estão ocupando o lugar de substantivos.

Pronomes Adjetivos - associam-se a um substantivo, caracterizando-o.

ex: Este livro é muito bom - perceba que não é qualquer livro, mas "este" de que falo.



Os pronomes podem ser ainda marcadores de coesão, dividindo-se em:

Anafóricos - quando fazem referência a um termo anterior, retomando-o. Servem para evitar a repetição de um termo no texto.

ex: João é meu amigo. Ele mora perto de casa. - o pronome "ele" retoma o nome "João", evitando sua repetição.

Catafóricos - quando fazem referência a um termo posterior, antecipando-o. Servem para garantir suspense/expectativa ao texto.

ex: Este é o país do futuro: o Brasil! - o pronome "este" está antecipando o nome "Brasil".


Há ainda os Pronomes Dêiticos, que apontam:

- As pessoas do discurso - o falante (1ª), o ouvinte (2ª) e o assunto (3ª)

- Distância no tempo - este (presente), esse (passado próximo ou futuro) e aquele (passado distante).

- Distância no espaço - este (junto ao corpo), esse (próximo, mas se, contato com o corpo) e aquele (longe do corpo).

Aprofundamento - 05/09

Aos alunos do aprofundamento,

Segue outro poema do António Jacinto (percebam que ele dialoga com o "Carta dum contratato", que analisamos)



Monangamba

Naquela roça grande não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações:

Naquela roca grande tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.

O café vai ser torrado
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado.

Negro da cor do contratado!

Perguntem às aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:

Quem se levanta cedo? quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de dendém?
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinqüenta angolares
"porrada se refilares"?

Quem?

Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
- Quem?

Quem dá dinheiro para o patrão comprar
maquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?

Quem faz o branco prosperar,
ter barriga grande - ter dinheiro?
- Quem?

E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:

- "Monangambééé..."

Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído nas minhas bebedeiras

- "Monangambééé..."




Segue o link com o poema Belo Belo, de Manuel Bandeira, citado em classe

http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandeira01.html#belo2

Compare-o com a Letra da música Bandeira, de Zeca Baleiro, também citada em classe
http://www.youtube.com/watch?v=zNDBFouotZQ&feature=PlayList&p=755FB38A934C5042&playnext=1&playnext_from=PL&index=75

Exercício de Regência - 2º Ano

Povo do Segundo Ano,

Segue um exercício para treinar Regência, matéria de hoje.

Abraço!!

FUVEST - 2002- Estas duas estrofes encontram-se em O samba da minha terra, de Dorival Caymmi:

Quem não gosta de samba
bom sujeito não é,
É ruim da cabeça
ou doente do pé.

Eu nasci com o samba,
no samba me criei,
do danado do samba
nunca me separei.

a) Reescreva a primeira estrofe, iniciando-a com a frase afirmativa Quem gosta de samba e fazendo as adaptações necessárias para que se mantenha a coerência do pensamento de Caymmi. Não utilize formas negativas.

b) Reescreva os dois primeiros versos da segunda estrofe, substituindo as formas nasci e me criei, respectivamente, pelas formas verbais correspondentes de provir e conviver e fazendo as alterações necessárias.

Orações Subordinadas I - 9º Ano

Segue a matéria de Orações Subordinadas Substantivas e Subordinadas Adjetivas para o 9º Ano, bem como instruções de uso da vírgula nos dois casos.


Abraço!!


Orações Subordinadas Substantivas

São aquelas que, numa oração, apresentam a mesma função sintática que seria desempenhada por um substantivo.


a) Subjetiva - faz papel de sujeito da oração principal.

ex: Convém que tu estudes - Observe que a oração principal não possui sujeito, assim, tal função se apresenta na oração subordinada.

b) Objetiva direta - faz papel de objeto direto da oração principal.

ex: O pai viu que a filha saíra - O verbo ver é transitivo direto, portanto pede um objeto direto, função esta desempenhada pela oração subordinada.

c) Objetiva indireta - faz papel de objeto indireto na oração principal.

ex: Enildo dedica sua atenção a que os filhos de eduquem - o verbo "dedicar" é transitivo direto e indireto (quem dedica algo, dedica algo a alguém). Dessa forma, a oração subordinada cumpre o papel de objeto indireto, que não está presente na oração principal.

d)Predicativa - cumpre papel de predicativo do sujeito da oração principal.

ex: A verdade é que todos foram aprovados - A oração subordinada funciona como característica (predicativo) do sujeito da oração principal, ligada a ele por um verbo de ligação (no caso, o verbo "ser").

Obs: Toda Subordinada Substantiva Predicativa vem precedida por um verbo de ligação.

e) Completiva nominal - funciona como complemento nominal de um termo da oração principal. Observe que neste caso a oração subordinada não se relaciona com o verbo, mas com um nome, advérbio ou adjetivo da oração principal.

ex: Luís estava convicto de que Mariana chegaria cedo - Neste caso, a subodinada se relaciona com o adjetivo "convicto", e não com o verbo "estar", por isso funciona como complemento nominal.

f) Apositiva- funciona como aposto da oração principal.

ex: Uma coisa lhe posso adiantar, que as crianças são alegria dos adultos - Veja que a subordinada funciona como expicação, isto é, como aposto da oração anteior (que coisa pode ser adiantada? Que as crianças são alegria dos adultos).


* Só se usa vírgula para separar a Oração Subordinada Substantiva Apositiva da oração principal (quando a subordinada não vier introduzida por dois pontos). As outras Subordinadas Substantivas não podem ser separadas com vírgula da oração principal.



Subordinadas Adjetivas


Funcionam como caracterizadores (adjetivos) de um termo da oração principal.

Restritivas - São aquelas que restringem o sentido de um termo da oração principal, isto é, destacam uma parte de um grupo. Não são isoladas por vírgula.

ex: Os alunos que gostam de Gramática são inteligentes - Veja que, do grupo total de alunos, apenas aqueles que gostam de Gramática são inteligentes; os que não gostam não são.

Explicativas - São aquelas que explicam um termo da oração principal, servindo para dar uma característica de todo o grupo. São isoladas por vírgula.

ex: Os alunos, que gostam de Gramática, são inteligentes. - Observe que neste caso todos os alunos são inteligentes e e gostam de Gramática.

Conjunções e preposições - 1º Ano

Para o pessoal do 1º Ano:


segue o resumo da matéria "Preposições e Conjunções" e, só pra não ficar parado, um exercício.



Abraço!!



Palavras Lexicais – são aquelas que apresentam sentido pleno mesmo quando estão fora de contexto, isto é, quando observadas isoladamente. São aquelas que compõem o léxico1 de uma língua.

Ex.: cachorro, amor, saudade, vento, pedra, demora, cantar.

Palavras Gramaticais – são aquelas que só passam a ter sentido quando inseridas num contexto. Servem, majoritariamente, para promover a sintaxe2.

Dentro deste grupo, estão as preposições e conjunções, também chamadas de conectivos, visto que funcionam como elementos de ligação.

Preposições

Termos que apresentam a função de promover a ligação entre palavras.

Ex.: Os alunos e as alunas estudaram toda a matéria. --- Perceba que a palavra “e” está servindo para ligar o termo “alunos” com “alunas”.

Conjunções

Termos que promovem a ligação entre orações e parágrafos.

Ex.: O Flamengo venceu o Fluminense e subiu na classificação do Brasileiro. --- Veja, que, desta vez, o mesmo termo, “e”, está sendo usado para ligar duas orações e não apenas duas palavras.

1- Conjunto de palavras de uma língua

2- Processo de combinação dos termos de uma frase para a obtenção de sentido.



Bibliografia: Moderna Gramática Portuguesa, Evanildo Bechara


Exercício:

(FUVEST- 2007)

Preciso que um barco atravesse o mar
lá longe
para sair dessa cadeira
para esquecer esse computador
e ter olhos de sal
boca de peixe
e o vento frio batendo nas escamas
(...)


Marina Colasanti, Gargantas Abertas.


Gosto e preciso de ti
Mas quero logo explicar
Não gosto porque preciso
Preciso sim, por gostar.

Mário Lago

a) Nos poemas acima, as preposições "para" e "por" estabelecem o mesmo tipo de relação de sentido? Justifique sua resposta.
b) Sem alterar o sentido do texto de Mário Lago, transcreva-o em prosa, em um único período, utilizando os sinais de pontuação adequados.

domingo, 4 de outubro de 2009

Texto II - módulo carta - 3º ano

Pessoal do 3º, segue o texto que serve como base para a produção de carta desta semana.


Abração!



PREZADOS SENHORES,

Uns amigos me falaram que os senhores estão para destruir 45 mil pares de tênis falsificados com a marca Nike e que, para esse fim, uma máquina especial já teria até sido adquirida. A razão desta cartinha é um pedido. Um pedido muito urgente.
Antes de mais nada, devo dizer aos senhores que nada tenho contra a destruição de tênis, ou de bonecas Barbie, ou de qualquer coisa que tenha sido pirateada. Afinal, a marca é dos senhores, e quem usa essa marca indevidamente sabe que está correndo um risco. Destruam, portanto. Com a máquina, sem a máquina, destruam. Destruir é um direito dos senhores.
Mas, por favor, reservem um par, um único par desses tênis que serão destruídos para este que vos escreve. Este pedido é motivado por duas razões: em primeiro lugar, sou um grande admirador da marca Nike, mesmo falsificada. Aliás, estive olhando os tênis pirateados e devo confessar que não vi grande diferença deles para os verdadeiros.
Em segundo lugar, e isto é o mais importante, sou pobre, pobre e ignorante. Quem está escrevendo esta carta para mim é um vizinho, homem bondoso. Ele vai inclusive colocá-la no correio, porque eu não tenho dinheiro para o selo. Nem dinheiro para selo, nem para qualquer outra coisa: sou pobre como um rato. Mas a pobreza não impede de sonhar, e eu sempre sonhei com um tênis Nike. Os senhores não têm ideia de como isso será importante para mim. Meus amigos, por exemplo, vão me olhar de outra maneira se eu aparecer de Nike. Eu direi, naturalmente, que foi presente (não quero que pensem que andei roubando), mas sei que a admiração deles não diminuirá: afinal, quem pode receber um Nike de presente pode receber muitas outras coisas. Verão que não sou o coitado que pareço.
Uma última ponderação: a mim não importa que o tênis seja falsificado, que ele leve a marca Nike sem ser Nike. Porque, vejam, tudo em minha vida é assim. Moro num barraco que não pode ser chamado de casa, mas, para todos os efeitos, chamo-o de casa.
Uso a camiseta de uma universidade americana, com dizeres em inglês, que não entendo, mas nunca estive nem sequer perto da universidade – é uma camiseta que encontrei no lixo. E assim por diante.
Mandem-me, por favor, um tênis. Pode ser tamanho grande, embora eu tenha pé pequeno. Não me desagradaria nada fingir que tenho pé grande. Dá à pessoa uma certa importância. E depois, quanto maior o tênis, mais visível ele é. E, como diz o meu vizinho aqui, visibilidade é tudo na vida.



autor: Moacir Scliar