Aos alunos do aprofundamento,
Segue outro poema do António Jacinto (percebam que ele dialoga com o "Carta dum contratato", que analisamos)
Monangamba
Naquela roça grande não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações:
Naquela roca grande tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.
O café vai ser torrado
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado.
Negro da cor do contratado!
Perguntem às aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:
Quem se levanta cedo? quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de dendém?
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinqüenta angolares
"porrada se refilares"?
Quem?
Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
- Quem?
Quem dá dinheiro para o patrão comprar
maquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?
Quem faz o branco prosperar,
ter barriga grande - ter dinheiro?
- Quem?
E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:
- "Monangambééé..."
Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído nas minhas bebedeiras
- "Monangambééé..."
Segue o link com o poema Belo Belo, de Manuel Bandeira, citado em classe
http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandeira01.html#belo2
Compare-o com a Letra da música Bandeira, de Zeca Baleiro, também citada em classe
http://www.youtube.com/watch?v=zNDBFouotZQ&feature=PlayList&p=755FB38A934C5042&playnext=1&playnext_from=PL&index=75
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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